Saturday, June 23, 2007

o meu corpo cresceu mãe, os meus pés já nã0 cabem nos sapatos do vestido de domingo e as minhas mãos não passam na rede para roubar as cerejas que o vizinho deixa cair maduras no quintal. o meu corpo cresceu mãe, e com ele a minha alma e a vontade de a esticar. nasceram-me asas nos ombros estreitos, quase prontas para me levar. já não tenho laços no cabelo, nem bonecas no regaço. agora compro o jornal e vou ao teatro quando fica escuro e entra em casa a gente de trabalho. sonho do meu tamanho e já visto o L em todas as lojas de roupa da cidade. tenho de partir, está tudo apertado aqui. o meu corpo cresceu mãe e o teu colo é o único espaço que continua à minha medida, o único espaço onde não posso ficar.

1 comment:

Bartapan said...

........obrigada...palavras que tocaram acordes repletos....