falta-me a calçada de lisboa...subir à graça no 28 e, no miradouro da senhora do monte, engolir a cidade de um só trago. perdi os laços do meu cabelo pendurada nos beirais da mouraria. as andorinhas, em voo picado, roubaram-me as minhas fitas. correm descalços para a boleia do eléctrico, os putos pobres da madragoa. salta nos decotes roliços o peito das varinas, e as canastras da sardinha boa. boa a sardinha, boa esta gente que passa com flores e fruta no regaço. e são mulheres de trabalho, pernas largas, braços firmes. balançam o corpo na praça e gritam pregões à menina que passa no seu vestidinho fino. hoje é dia de feira e a cidade madruga azafamada. hoje é dia de feira, estica-se o corpo no mercado. pega na cesta, traz a carteira e dá-me o teu braço porque, hoje é dia de feira e eu quero o meu corpo esticado.
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falta-me a calçada de Lisboa
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