Tuesday, July 31, 2007

Thursday, July 26, 2007


quando os cimos do nosso céu se juntarem
minha casa terá um tecto.
Paul Éluard
todos os dias lhe deixa uma carta daquelas de antigamente, sem selo nem carimbo. só letras. gosto de ti, escreve a carvão de lápis afiado. ama cada vez mais. quer cada vez mais e escreve. todos os dias escreve. gosto-te. vem. fica. tenho tantos abraços para te dar.

Wednesday, July 25, 2007

o homem sentou-se no tempo e comeu ameixas maduras mergulhadas em água fresca de alguidar.
amanhã como pêssegos.
prefiro.

Sunday, July 22, 2007

contaram-me, à laia de segredo, que te escondes debaixo da minha pele quando queres que te procure e não queres ser encontrado. disseram-me que te pareces com o bicho de conta enrolado sobre si, de costas voltadas e livre de palavras. cantaram-me ao ouvido, a ladainha da calçada empedrada nos saltos das raparigas na praça. vieram acordar-me do meu sono demorado e trouxeram-me as tuas mãos veladas. pousei-as no ventre por ti transpirado e enrolei-me nelas. não te deitas nunca a meu lado.
vou sentar-me naquele degrau ventoso.
quero ver-te passar.

Tuesday, July 17, 2007

destapo os ombros. sento-me na cadeira de pau que baloiça no canto solarengo da sala e solto o sal do corpo.
a madeira do chão é macia ao toque dos meus dedos dos pés. fica tarde fora de mim e a luz rasga demoradamente a pele. deposita cristais azuis nas mãos. as mãos. os ombros. as minhas. os teus. descontextualização dos corpos à janela da casa. narrativa eterna.

Monday, July 2, 2007

pousa as palavras na entrada e vem sentar-te aqui comigo.
queres?