sentou-se uma vida inteira do outro lado da estrada. sorria quando chovia e quando fazia sol, quando estava triste por fora e por dentro, quando não tinha mais nada para gritar. trazia nos olhos o mundo inteiro de sofreguidão mordido, e das suas mãos saíam sonhos ao desbarato, porque, na verdade, não sabia fazer mais nada. sonhos e gargalhadas, altas e em surdina que só por si eram ouvidas. eram suas. só suas, e com todo o direito a sê-lo. corria quando queria e para onde queria, gritava do alto do seu eu, que o peito era largo e nele cabiam todos os dias inteiros. não tinha nunca amanhã, o homem do outro lado da estrada.
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1 comment:
Beloooo
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