Saturday, March 3, 2007

a casa

Não tem importância, pintam-se as paredes e lavam-se as janelas da casa por habitar. Depois, depois vestem-se as salas e os quartos com os nossos corpos e gargalhadas, destapam-se os ombros dos armários e das poltronas acetinadas, regam-se as plantas do jardim futuro e fica-se lá fora, de longe, à espera, sem pressa, numa ansia para entrar.
E entra-se. Entra-se para noites à lareira, em que nos sobem memórias à boca e se grita liberdade.
E fica-se. Fica-se o tempo que tem de se ficar, até se ouvir o grito do universo de dentro que vem anunciar a existência de uma outra casa por pintar.

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