Entra por nós a dentro...
Rebenta no peito!
Rasga a alma!
Ecoa no abismo da existência
a dar sentido ao continuar aqui.
Tuesday, December 26, 2006
Aniversário
Hoje, quando acordei, disseram-me que fazia anos.
Abri as janelas e deixei que o sol entrasse. Bateu-me de frente nos olhos quentes e reflectiu-me no espelho. Olhei-me. Observei-me cautelosamente. Examinei todos os pedacinhos da minha pele e não encontrei nenhum indício de aniversário.. senti-me igual a ontem e provavelmente igual a amanhã. Mas não. Não é assim tão linear... na verdade o tempo está em mim. Está em tudo aquilo que fui, que sou e quero ainda ser. Está em todos aqueles que passaram por mim e que desapareceram, em todos aqueles que comigo ficaram para sempre e em todos aqueles que ainda não chegaram, mas que vão acabar por vir. Está no meu corpo, espalhado em pedaços por toda a parte, nas mãos, nos ombros, nos olhos. Principalmente nos olhos quando se enchem de memórias. São elas que me consciencializam a passagem do tempo.
Hoje é o dia do meu aniversário e, afinal, já me sinto maior!
Abri as janelas e deixei que o sol entrasse. Bateu-me de frente nos olhos quentes e reflectiu-me no espelho. Olhei-me. Observei-me cautelosamente. Examinei todos os pedacinhos da minha pele e não encontrei nenhum indício de aniversário.. senti-me igual a ontem e provavelmente igual a amanhã. Mas não. Não é assim tão linear... na verdade o tempo está em mim. Está em tudo aquilo que fui, que sou e quero ainda ser. Está em todos aqueles que passaram por mim e que desapareceram, em todos aqueles que comigo ficaram para sempre e em todos aqueles que ainda não chegaram, mas que vão acabar por vir. Está no meu corpo, espalhado em pedaços por toda a parte, nas mãos, nos ombros, nos olhos. Principalmente nos olhos quando se enchem de memórias. São elas que me consciencializam a passagem do tempo.
Hoje é o dia do meu aniversário e, afinal, já me sinto maior!
Monday, December 25, 2006
Monday, December 11, 2006
CESARINY - "Uma chama esse Mário..."
Mais do que nunca apetece gritar hoje em voz baixa: "you are welcome to Elsinore"
Entre nós e as palavras há metal fundente
entre nós e as palavras há hélices que andam
e podem dar-nos morte violar-nos tirar
do mais fundo de nós o mais útil segredo
entre nós e as palavras há perfis ardentes
espaços cheios de gente de costas
altas flores venenosas portas por abrir
e escadas e ponteiros e crianças sentadas
à espera do seu tempo e do seu precipício
Ao longo da muralha que habitamos
há palavras de vida há palavras de morte
há palavras imensas, que esperam por nós
e outras, frágeis, que deixaram de esperar
há palavras acesas como barcos
e há palavras homens, palavras que guardam
o seu segredo e a sua posição
Entre nós e as palavras, surdamente,
as mãos e as paredes de Elsenore
E há palavras e nocturnas palavras gemidos
palavras que nos sobem ilegíveis à boca
palavras diamantes palavras nunca escritas
palavras impossíveis de escrever
por não termos connosco cordas de violinos
nem todo o sangue do mundo nem todo o amplexo do ar
e os braços dos amantes escrevem muito alto
muito além do azul onde oxidados morrem
palavras maternais só sombra só soluço
só espasmos só amor só solidão desfeita
Entre nós e as palavras, os emparedados
e entre nós e as palavras, o nosso dever falar
"Portugal é um sarcófago onde se torna difícil respirar. Vai daí, Mário Cesariny exportou-se.
Profissão: vagabundo celeste. Paga imposto de vida - o mais alto.
Frequentem-no, anda por aqui. Sejam maiorzinhos." (Público, Dezembro 2006)
Entre nós e as palavras há metal fundente
entre nós e as palavras há hélices que andam
e podem dar-nos morte violar-nos tirar
do mais fundo de nós o mais útil segredo
entre nós e as palavras há perfis ardentes
espaços cheios de gente de costas
altas flores venenosas portas por abrir
e escadas e ponteiros e crianças sentadas
à espera do seu tempo e do seu precipício
Ao longo da muralha que habitamos
há palavras de vida há palavras de morte
há palavras imensas, que esperam por nós
e outras, frágeis, que deixaram de esperar
há palavras acesas como barcos
e há palavras homens, palavras que guardam
o seu segredo e a sua posição
Entre nós e as palavras, surdamente,
as mãos e as paredes de Elsenore
E há palavras e nocturnas palavras gemidos
palavras que nos sobem ilegíveis à boca
palavras diamantes palavras nunca escritas
palavras impossíveis de escrever
por não termos connosco cordas de violinos
nem todo o sangue do mundo nem todo o amplexo do ar
e os braços dos amantes escrevem muito alto
muito além do azul onde oxidados morrem
palavras maternais só sombra só soluço
só espasmos só amor só solidão desfeita
Entre nós e as palavras, os emparedados
e entre nós e as palavras, o nosso dever falar
"Portugal é um sarcófago onde se torna difícil respirar. Vai daí, Mário Cesariny exportou-se.
Profissão: vagabundo celeste. Paga imposto de vida - o mais alto.
Frequentem-no, anda por aqui. Sejam maiorzinhos." (Público, Dezembro 2006)
Tuesday, December 5, 2006
Os não lugares no mundo...
Saturday, December 2, 2006
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