e agora, onde estás? perguntou-lhe em surdina, como quando se conta um segredo. és feliz? talvez. respondeu ela em cautela, de olhos esbugalhados. não sei se sou já, neste instante da pergunta. não sei se é assim ser feliz. queria que não, que fosse maior e que cheirasse a hortelã acabada de colher ou rosmaninho que encontrava nas gavetas da avó, onde as camisas eram brancas e de linho engomado. queria que crescesse dentro do estômago sempre que fica apertado, que estalasse debaixo das unhas e nas solas dos meus sapatos. queria que soubesse o meu nome em todas as línguas e o declinasse em latim ou em grego, para parecer de uma época distante e soar a clássico lido num vão de escada iluminado por um candeeiro de pé alto. queria que me puxasse os cabelos e me roubasse as meias dos pés descalços, que subisse a um banco alto e gritasse que sim a quem passa. queria que fosse verdade a hora da chegada ao lado de lá da cidade. talvez.
Wednesday, March 5, 2008
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